21/10/14

... entrar e ver ...


... segundo dia da segunda semana. gosto de quase todos os professores. claro que tudo depende do estilo de cada um e da empatia. mas estão ali para nós que estamos a aprender. e isso é muito bom. sentir isso. em cada um deles. que estão presentes. não estão a despachar aulas. estão a dar de si, em cada aula. e isso é bom. acompanham. hoje, experiência de "cozinha fria". de fria, nada teve. quer dizer, teve os legumes. tudo o resto, com o calor que estes dias vão trazendo muda o nome da coisa. primeiro aprender a segurar a faca. as muitas facas. segue-se o corte. ou meia dúzia deles para não espantar os que estão a começar como eu neste mundo da cozinha em escala profissional e pensada. gostei muito de ouvir falar em "pensar cozinha". e foi isso que fiz. enquanto cortava cenouras e depois alface fui pensando cozinha. e retive quatro ideias. simples. mas muito importantes. a primeira. para uma cozinha funcionar tem que haver uma equipa que trabalha em confiança mútua e constante. a segunda. lembrei-me de uma frase que a minha mãe me dizia tantas vezes quanto eu era mais novo: é à mesa e ao jogo que se vê a educação de cada um. eu refaço a fórmula dada para este gesto da mente do pensar a cozinha: é no trabalhar numa cozinha que se vê a natureza de cada um. como cada pessoa é, no fundo. porque a pressão é grande e a revelação de cada personalidade emerge mais do que naturalmente. simplesmente, humanamente. a terceira: que o respeito é a regra de ouro. porque naquele espaço, em cada equipa de cozinha, cada pessoa é uma pessoa e respeitar os ritmos, conhecimentos, estádios de desenvolvimento e domínio de técnica é fundamental. aprender com os que sabem. ensinar aqueles que precisam. e por fim, que para se ser diferente é preciso superar o óbvio e um pouco mais. a técnica torna todos iguais. o que pode diferenciar cada um é a capacidade de ver algo diferente. de tentar. de experimentar. e de trabalhar depois, por conta própria, muito para o conseguir. mas criar. arriscar fazer diferente porque o pior que pode existir é perder a vontade de marcar a diferença porque, de facto, a técnica "normaliza" tudo e todos. hoje doí-me o corpo. os dedos. as mãos. as pernas. mas as ideias correm a uma velocidade imensa. não tenho vinte anos. tenho o dobro. começar agora não é a mesma coisa que ter começado antes. mas não importa. porque consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo: pensar e cozinhar. e isso é tudo o que posso fazer para tentar marcar o meu lugar neste mundo imenso de coisas para descobrir, criar e provar...

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