10/12/14

... sabores e sons ...


... o paladar. o sabor. os sabores. o engano ou a certeza da memória. sou daqueles que defende que mais importante do que a emoção é a memória. eu sei, é contra a corrente. mas é defeito meu. e ao aprender mais umas coisas sobre vinhos e sabores fiquei a pensar nisto. nisto e na música. cozinhar sem música para mim é um suplício. e ao ouvir uma chefe a trautear umas músicas enquanto cozinhava pensei que não era o único. são formas de usar os sentidos. ensinar os sentidos. e acho isto fabuloso. devia ser obrigatório haver música nas cozinhas. enquanto se cozinha. eu não dispensava esta. quarenta e cinco minutos e qualquer coisa nascia certamente. mas acho mesmo que nesta coisa da cozinha a memória é tão ou mais importante do que a emoção. recordamos sempre. nem que seja um local. mas recordamos acima de tudo sabores que nos são comuns. comuns, não de vulgares ou usuais. comuns de estarem presentes seguramente em nós. e isto é curioso porque ao provar um vinho do porto como teste para uma sobremesa reparei pela primeira vez que este vinho também tem uma acidez considerável. ou melhor, a ter em conta. há nisto coisas que nos espantam. enganando o paladar afundam-se as certezas. é por isso que experimentar novos sabores é sempre um ponto de começo do caminho. antigos ou novos, refeitos ou redesenhados, clássicos ou tradicionais. porque se tudo se mudar e no final nada for como a certeza da memória nos pode dar, então teremos sempre a música. e o prazer. cozinhar também é isto. e ainda bem... 

Sem comentários: