21/01/15

... desaprender a cozinhar ...


... o primeiro passo é quase esse. desaprender. os hábitos, as formas. de fazer as coisas. as simples. as complexas. depois, reservar o pensamento. obrigar-me a não fazer sempre o mesmo só pela segurança de o saber, já, fazer. ou por "ter jeito". ou por "gostar". é no forçar a fazer o que não gosto e conseguir fazer isso bem que está o segredo. e a dificuldade. como o sabor que não se prova porque "não se gosta". ter uma tendência não é ter um capricho. é mesmo jogar com essa dualidade entre o que se sabe, domina e aquilo de que se tem medo. o medo ajuda a apurar tudo. do sabor à técnica. e perguntar. não há nunca vergonha em perguntar. porque tem que ser, naturalmente, assim. a cozinha é dos mundos mais complexos que existem. tudo se mistura em cinco ou seis horas de trabalho contínuo entre seres humanos. é uma relação constante de criação, aprendizagem, desaprendizagem, medo, saber e sabores, que se repete em ciclo em exaustão em poucos minutos de cada vez. é fabuloso perceber que o que vivemos faz toda a diferença para fazer o equilíbrio. e o que somos revela-se. forçar-me, depois de ter encontrado uma coisa que me encanta a não a fazer para ir fazer todas as outras faz-me recordar o que disse tantas vezes aos meus alunos: experimentem tudo, depois pensem e por fim tenham certezas para logo voltarem a fazer tudo outra vez. aprender a cozinhar é também isso. fugir da certeza e procurar sempre começar tudo de novo mesmo sabendo que o aprendido não se esquece...

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