21/02/15

... segredar na cozinha ...


... gosto de andy warhol. como gosto de kandinsky. há na beleza das coisas imaginadas algo de assombroso. a cozinha, hoje, é um lugar de superlativos. não sei a razão de pensar isto. mas há sempre em mim aquela frase que marcou o que sempre tentei ensinar aos meus alunos: keep it simple. deve mesmo ser defeito. é porque isso que, ao recordar os chefes que agora são meus mestres associo sempre a ideia de dominar bem, muito bem, as técnicas de base. tudo o resto é possível, partindo disto. para quem não tem esse domínio esse é sempre o primeiro passo. perceber a lógica de um creme, de um puré, de uma base. dominar a percepção das coisas para poder construir coisas novas partindo disso. e ao olhar para pratos criados, depois de aprender a fazer macarons e cremes, fiquei a pensar nisso. a exigência da cozinha está naquilo que picasso descrevia para a pintura. todas as crianças sabem desenhar. depois, desaprendemos. difícil é voltar a aprender, digo eu. deve ser o meu lado minimalista, que em quase tudo, se vai sobrepondo a tudo o resto, mas quando penso nas coisas que são colocadas num prato para degustação, penso sempre que há uma limpeza visual necessária. tal como no sabor. somos seres demasiado complexos no pensamento para também o termos que ser nos sentidos. no paladar em particular. maria antonieta, dizia um destes chefes-mestres, mandou vir da corte italiana os grandes pasteleiros que influenciaram a cozinha francesa. somos feitos destas misturas, não há dúvida. toda a cozinha é de fusão. ou como lhe quiserem chamar. mas a verdade é que a minha procura continua assente nesta ideia. as coisas simples são sempre as mais difíceis na cozinha. o resto, é o deslumbre que se procura pelo olhar. fiquei a pensar nisto...

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