08/07/15

... batatas à antiga ...

... às vezes, sem saber a razão, pensava naquele espaço. nas festas de anos do meu avô. ou numas férias de verão passadas lá para os lados de vila nova de mil fontes. era quase sempre a azáfama na cozinha que prendia o meu pensamento. a minha mãe a cozinhar. o meu pai a ir comprar as coisas que faltavam. a minha tia a chegar com um "peixe mesmo fresco" a uma casa branco com um terraço em chão de barro. e a mesa, comprida. e a lota, à qual o meu pai me levava e onde via a vida acontecer. era um tempo sem regras. podia comprar-se. ali mesmo. uma caixa. depois era levar até casa e cozinhar. este tempo das festas era reconfortante. porque era em família. era um lugar maior. imenso. de sabores. de doçura. de tempo e bom gosto. como nunca mais existiu...


«...wine is the most civilized thing in the world. in europe we thought of wine as something as healthy and normal as food and also a great giver of happiness and well being and delight. drinking wine was not a snobbism nor a sign of sophistication nor a cult; it was as natural as eating and to me as necessary.»
hemingway

batatas à antigamente
ingredientes
6 batatas para cozer médias/grandes
1 litro de água
3 copos de vinho branco
sala fresca
sal
pimenta
azeite (bom)

receita: num tacho largo coloque a água, o azeite, o sal e a pimenta (a gosto) e deixe ferver. logo que começar a ferver junte o vinho branco e as batatas cortadas aos gomos ou quadrados médios/grandes. junte a salsa (um ramo méido/pequeno picado). deixe cozer até a água ter quase desaparecido (não tenha medo que a batata não se desfaz).

dica: acompanha peixe e carne. como acompanhamento de peixe pode deitar algumas gotas de limão nas batatas antes de servir.

... sabemos sempre que perdemos parte da vida quando olhamos para as coisas e não estão lá. fica a saudade. diz-se que é saudade. é falta. ou da ausência se fez força e chamamos coragem. às vezes, mas só às vezes, tenta-se recriar um sabor para ver se ainda está tudo lá. e está. porque na pele, escrito a tinta do tempo, fica sempre muito mais do que aquilo que até se imagina...

Sem comentários: