15/12/15

... formigos à nossa moda ...

... cada doce de natal tem a sua forma de ser feito pelas mãos que o fizeram vezes sem conta. é essa a diferença. junta-se o desejo de fazer bem. e bom. alguns trazem memórias de tempos antigos. este é um deles. refazer um doce, como este, é saber que estamos a cozinhar com história, memória e um profundo respeito pelo que muitos fizeram antes de nós que só agora aqui chegámos. o que fazemos, aqui, é respeitar sempre isso. e cada vez mais...

«...porque é que é tão importante não dar nada por adquirido, não cristalizar nas coisas? ter várias vidas. não há nada neste mundo que possa preencher todos os nossos desejos, todas as oportunidades que a vida nos oferece. a vida oferece tantas… só podemos responder a uma parte muito pequena dessas. isto é o que me ensina uma reflexão sobre o ser, uma reflexão sobre Deus, sobre a “espantosa realidade das coisas”...»
anabela mota ribeiro/josé mattoso


formigos à nossa moda
receita
2 lt de água
4 paus de canela
1 limão
4 colheres de mel
250 gr de açúcar amarelo
150 gr de manteiga
1 kg de pão (miolo e côdea)
200 gr de miolo de noz
200 gr de pinhão
10 ovos
3 cálices de vinho do porto
qb sal

receita: num tacho coloque ao lume a ferver a água com os paus de canela, a manteiga, as cascas de limão, o mel, o açúcar e o sal. deixe ferver bem. baixe a fervura e deite o primeiro cálice de vinho do porto. levante a fervura novamente e misture o miolo do pão e a côdea mexendo regularmente. retire as cascas de limão mas deixe os paus de canela. misture depois os frutos secos (noz e pinhão) e deixe ferver. retire do lume. bata, numa taça, 6 ovos inteiros e 4 gemas. com uma concha de sopa junte parte do preparado que está no tacho às gemas e mexa para não talharem. entretanto, no preparado que está fora do lume junte o segundo cálice de vinho do porto. junte depois as gemas também. leve ao lume novamente para finalizar. no fim, antes de retirar junte o último cálice de vinho do porto. coloque os formigos numa travessa e deixe arrefecer. polvilhe com canela e decore com frutos secos (noz, pinhão e amêndoa - opção). sirva frio.

nota: é um doce que ganha em esperar um dia no frio para se comer. deve ser servido em travessa.

... quem cozinha habita as memórias dos outros em tantos momentos. este não é um doce da minha mesa de natal. não era. talvez passe a ser. nele está a história de tantos lugares, de tanta gente. é um sabor antigo. não belo, mas bom, reconfortante. da pobreza emerge um elemento de salvação. porque o tempo é disso. o natal é feito disso. nem que seja para relembrar que este era o tempo das coisas que só aconteciam uma vez num ano e tornavam o tempo redondo...


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