25/01/16

... da ilusão ao sabor ...


camarão, bacon e pesto em taça de esparguete de citrinos

atum, espargos, chip de anchova e cogumelos e suspiros de soja


bacalhau a baixa temperatura, espuma de salsa, gel de água de tomate e gelado de azeite


explosivo de gengibre e beterraba com amora e framboesa e ar de manjerição

pato confitado com 5 pimentas com mil-folhas de batata, puré de aipo, gelatina de laranja e redução de vinho do Porto

«... há ou não um infinito fora de nós? é ou não único, imanente, permanente, esse infinito; necessariamente substancial pois que é infinito, e que, se lhe faltasse a matéria, limitar-se-ia àquilo; necessariamente inteligente, pois que é infinito, e que, se lhe faltasse a inteligência, acabaria ali? desperta ou não em nós esse infinito a ideia de essência, ao passo que nós não podemos atribuir a nós mesmos senão a ideia de existência? por outras palavras, não é ele o absoluto, cujo relativo somos nós?...»
victor hugo

... um dia alguém me disse: já viste que a realidade já não basta? esta frase ficou-me presa ao pensamento durante muito tempo. de tempos a tempos regresso ao que representa. essa ideia que já não nos bastam as coisas como são. procuramos o magnífico por via da ilusão. chamamos a isso, modernamente investidos de uma constante necessidade de procura do "novo" de: experiência. experiências. é disto que hoje a cozinha contemporânea vive. do "novo" das coisas que provocam qualquer coisa de inédito. impossível de replicar no dia-a-dia. como se o cozinheiro fosse um alquimista. um mágico. falta-lhe aquilo que defendo. conforto. às vezes, vezes sem conta, precisamos de nos refazer do correr da vida. se esta cozinha é feita de momentos o que precisamos, acima de tudo, é de lugares onde voltar. e de certezas. e de conforto. o tal elemento que quase sempre falta. tenderei a procurar como o colocar, neste lugar, esse elemento. como alguém que será sempre um aprendiz. do tempo e da cozinha...

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