22/02/16

... pastelinhos d'outros tempos ...

... há coisas que se vão perdendo. a massa-tenra é uma dessas coisas. ou não. ou ainda se encontre nos lugares mais imprevistos, feita das mãos mais sábias. esta é daquelas iguarias sem igual. porque nada é mais simples nem tão mais difícil de fazer do que conservar esta forma de dar a provar o que de melhor se pode fazer com tão pouca coisa. é este o segredo de muito do que se faz. ainda, quase como que por segredo guardado aos deuses...
 
«...i don’t expect you will really understand the beauty of the softly simmering cauldron with its shimmering fumes, the delicate power of liquids that creep through human veins, bewitching the mind, ensnaring the senses...»
j.k. rowling 
 
 
pastelinhos d'outros tempos
ingredientes
 
para a massa
200 gramas de farinha sem fermento
20 gramas de manteiga sem sal
10 gramas de banha
q.b. leite
 
para o recheio
2 tiras de entremeada
q.b. toucinho
1 cenoura
1 cebola
1 dente de alho
louro
tomilho
vinho branco
manteiga
 
receita para a massa: numa tigela amassar a farinha com a manteiga e a banha. a manteiga e a banha devem estar frias. juntar o leite até criar uma massa não muito dura nem muito mole, isto é, quando não pegar aos dedos e estiver homogénea. deixar repousar tapada com um pano durante 1 hora.
 
receita para o recheio: num tacho desfaça a gordura do toucinho e junte a cebola e o alho picado até aloirarem. tempere com sal, pimenta e o tomilho e refresque com vinho branco. junte as tiras de entremeada cortadas às fatias e a folha de louro e deixe cozinhar juntando um pouco de água se necessário. junte a cenoura e deixe cozinhar em lume brando até estas estarem prontas, assim como a carne. com a varinha mágica ou um garfo desfaça grosseiramente tudo retirando previamente a folha de louro. volte a colocar ao lume e deixe apurar revendo os temperos. coloque uma colher de sopa mal cheia de manteiga e ligue o preparado.
 
receita para os pastelinhos: tenda a massa e estique até ao limite de forma a que fique fina mas consistente. forme um rectângulo e coloque o recheio que deve ser a porção equivalente a uma colher de sopa por pastel. corte redondo ou quadrado. deixe repousar uns minutos. numa frigideira coloque azeite e aqueça. frite a temperatura média para não queimar ou correr o risco de rebentarem. deixe secar sobre papel. sirva quentes.
 
dica: acompanhe com um copo de vinho branco de boa qualidade.
 
... às vezes, mas só às vezes, cozinhar é revisitar outro tempo. e cada sabor colocado para degustação torna-se uma descoberta. como se nunca tivesse sido feito. como se tudo isto não tivesse memória. e é nisto que reside toda a tristeza de todas as coisas. o antes é agora um luxo. o actual, o presente, sempre contínuo, torna a cozinha numa coisa qualquer longe da restauração que deve sempre conter. é que para cozinhar é preciso ter memória. a história da cozinha tem que estar presente. para dar sentido. e sabor. aquele sabor... 
 

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